quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Rainbow's end

As máscaras nocturnas esvaem-se na ausência dorida
de não saber que se julga saber. Rostos do mesmo rosto
sucedem-se quais dias de decepção ainda colorida.
A realidade tem muitas faces, dizem… Uma por cada
gota de inocência evaporada nos olhares vazios.
Máscara após máscara vamos amando o amor
debaixo do amor debaixo do amor,
sem saber que afinal é desamor.
Desamor ligado à antecipação da dor.
Um dia, enfim, desabrocha uma flor
porque a esperança apazigua o temor.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Flutuo no caminho

Flutuo. Flutuo no devir de mim, sem amarras a prenderem-me, a manterem-me rente ao chão, quando a minha imaginação e voz apenas desejam caminhar no espaço. Aqui não há portas fechadas. Encontro-me face a face com a minha própria divindade e essência. Daqui tudo parece tão sem importância. Nada como vislumbrar a real importância das coisas e como é facil mergulhar nas subtilezas das máscaras. Desafortunados aqueles que vêm um rosto onde está uma máscara olhando-os fundo nos olhos até ao coração. Flutuo no caminho que é o meu, na vastidão das possibilidades. Não é o mundo que é meu. É o universo inteiro.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

4.1.2010

Quão triste e irónico seria se estivéssemos ambos sozinhos, cada um em seu quarto, em seu canto da cidade, nesta tarde de domingo onde a única utopia é o chumbo do céu murmurando seu lamento por mais um amor perdido. Perdido? O amor não se perde nunca. Morre, talvez, mas sua alma vai juntar-se às estrelas iluminadoras dos sonhos dos poetas, dos apaixonados… dos corações quebrados. Quem disse que o amor gerado não é as fagulhas das fogueiras que aquecem os viajantes nocturnos? Das fornalhas das fábricas que moldam o suor dos que nunca sonharão? Ou a sujidade dos mendigos esquecidos, e que também amaram? Quão triste e irónico seria se, depois de ser sentido, depois de ser vivido, o amor se desvanecesse nas lágrimas dos destroçados, ou até na indiferença dos vencedores? Quando não se entende o que aconteceu, que existe então para esquecer? Perguntas destas não se fazem. Tudo o que tem a ver com o sentir, está ligado à capacidade de acreditar, de ter fé. Até onde vai a capacidade de nos darmos? Até onde vai a infinitude?